O Dia Em Que a Terra Parou

Direção: Scott Derrickson

Elenco: Jennifer Connelly, Keanu Reeves, Kathy Bates, John Cleese, Jaden Smith, Jon Hamm

The Day The Earth Stood Still, EUA, 2009, Ficção, 14 anos.

Sinopse: Um ser de outro planeta chamado Klaatu (Keanu Reeves) vem à Terra entregar ao presidente um presente, mas é impedido por soldados. Ele é preso e se esconde em uma pensão onde conhece Helen (Jennifer Connelly) e seu filho Bobby (Jaden Smith). Klaatu se decepciona várias vezes com os humanos ao se deparar com o uso desenfreado de armas de fogo. E, por isso, faz um alerta: A Terra será destruída caso os seus habitantes não mudem essa postura.

O Dia Em Que a Terra Parou faz parte do grupo das refilmagens de clássicos que não deram certo. O filme tem grandes efeitos e uma instigante ambientação, mas nunca dá sinal de originalidade ou inovação.”

Não compartilho da idéia de que clássicos do cinema devam ser refilmados. A maioria decepciona – e até resultam em tragédias como Psicose, de Gus Van Sant – e soam como produções desnecessárias. Não é certo fazer disso uma verdade absoluta, já que existem resultados maravilhosos como o King Kong de Peter Jackson, mas dificilmente temos resultados positivos desses projetos. O Dia Em Que a Terra Parou faz parte desses filmes decepcionantes do gênero. E não dá pra explicar muito bem o porquê, uma vez que a ambientação é grandiosa e o lado técnico impecável.

Scott Derrickson, diretor de O Exorcismo de Emily Rose, é quem comanda o espetáculo. O trabalho dele é, no mínimo, irregular. Em determinados momentos, ele tranquilamente imprime um tom muito autêntico para esse estilo de filme. O início é um excelente exercício de suspense, onde o diretor sabe criar o clima adequado de tensão, até porque o visual ajuda em muito nesse aspecto – onde se destaca a fotografia escura e nebulosa. O problema é que, a partir do momento em que Keanu Reeves entre em cena, o filme desanda, perdendo todo o seu tom de mistério. A culpa, dessa vez, não é do ator – que está em um papel condizente com suas limitações – mas do próprio roteiro, que não sabe administrar os fatos da trama. A complexidade envolvendo a mensagem do filme (“o planeta Terra tem que ser salvo de seus habitantes inconsequentes”) não tem o efeito apropriado e é usada de forma rasa. O pecado do filme é esse – a mensagem deveria ser o carro-chefe do filme, mas fica em plano completamente coadjuvante e subutilizada.

O que merece destaque (e bastante!) em O Dia Em Que a Terra Parou é o seu lado técnico, um dos melhores do gênero nesses últimos anos. Os efeitos, desde já merecedores de menção ao Oscar, impressionam, mesmo quando óbvios. Unido a eles temos a fotografia, a montagem e o visual. Tudo conspirando para que o longa dê certo. Ninguém pode reclamar disso no filme. Esse, então, é um dos pontos positivos para que uma refilmagem tenha sucesso. A tecnologia pode proporcionar coisas novas e tornar mais verossímil o que estamos vendo na tela. O Dia Em Que a Terra Parou é extremamente feliz nesse quesito. A protagonista Jennifer Connelly é aquele tipo de atriz que, mesmo em momentos sem inspiração, funciona. Isso é o que ocorre aqui. É visível que ela não consegue segurar o filme sozinha, mas é dotada de um carisma (leia-se também beleza) que tem um poder magnético. De mais significativo no elenco, temos também a boa Kathy Bates.

O Dia Em Que a Terra Parou, portanto, é uma diversão cheia de estilo visual e interessante tecnicamente. Podia ter uma boa mensagem e um resultado instigante, mas ficou muito fraco, com os pontos negativos se sobrepondo aos positivos. Uma pena, pois tinha toda uma força positiva no ar para que ele desse certo. Talvez seja outro alerta para que os clássicos fiquem guardados com suas respectivas excelências no passado.

FILME: 6.0

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25 comentários em “O Dia Em Que a Terra Parou

  1. Nossa. Entrei aqui por acaso e pela empáfia das discussões tive a impressão de que se tratava de um grupo de produtores executivos decidindo qual o próximo filme a financiar. Autocrítica, senhores…

  2. Queria saber. O professor de Helen ganha um prémio Nobel ao desenvolver um trabalho intitulado “altruísmo biológico”. Que mensagem este titulo sugere para nós no contexto do filme?

  3. meu deus, eu fui assistir este filme ao cinema e confesso que passei quase o filme todo a dormir!!! Que filme foleiro mesmo!
    é secante do principio ao fim, so tem argumentaçao, so falas e nada de original, nem de acção!!!
    So no fim é que se aproveita os 5 minutos de acção, acho que sao os unicos!
    Detestei, nota 0

  4. Este filme é uma heresia ao bom cinema. Como um mínimo sinal de respeito deveriam dar um nome diferente e evitar qualquer menção de refilmagem. Roteiro ridículo, atuações medíocres, efeitos especiais totalmente não verossímeis, enfim, uma real catástrofe, diferentemente da mal encenada destruição que o filme mostra. E qual a mensagem? O original de Robert Wise tinha uma – antibelicista ainda que autoritária – e a violência seria utilizada como último recurso e não surge intencionada, gratuita e em grandes dimensões. E este? ambientalista em que? A moral da história, ridiculamente piegas, é de que o homem vai se redimir e não destruir o meio ambiente. A justificativa? Pergunte ao autor do roteiro ou diretor do filme, que deveriam ser sacrificados lentamente (comidos internamente por insetos metálicos, como sugerem) para não cometerem mais crimes como este contra a arte e bom gosto.

  5. esse filme é otimo eu dorei, mais oque eu adorei mais foi o Klaatu (Keanu Reeves) que isso papai ele é lindo um deus grego Jesus apaga luz apaga não que eu quero enchergar é como quero // rindo pakas Rsssssssss….

  6. Eu e minha noiva não gostamos do filme. Nota ZERO! Acredito que o Keanu Reeves não deveria ter aceito participar de um fiasco destes após tanto sucesso na trilogia MATRIX.

    Mais uma vez, NOTA ZERO para esse filme.

  7. Gostei muito do filme, tirando os fatos da cena da chegada do “alien” a Terra ter sido reduzida a quase nada.

  8. O filme ficou muito bom. Considerando a refilmagem e as adaptações e-ou reescrituras a idéia ficou forte e a carga simbológica respeitada.. a criança JACOB (calcanhar de Deus) faz com que a vida seja refeita e uma nova chance apareça, assim como Helen (Helena – luta, persistência e luz), tudo está bem remontado com a presença das abelhas, a bola de luz e surgimento do personagem no gelo.. ficou muito interessante justametne pq nao precisa ter assistido o filme anterior e faz com que o povo pare para pensar um pouco na semiótica, o momento da terrra ter parado deixa a reflexão para tudo começar do ZERO. uma boa reflexão….

  9. Concordo muito com a opinião do Fábio. Também achei o filme muito restrito para o título “O dia em que a TERRA parou”. Mas acho que o diretor passou pela decisão de colocar um filme com muitas discussões ideológicas e atrair um público menor ou ter os efeitos visuais como principal atrativo e render os famosos valores ”hollywoodianos”. Confesso que fui ao cinema mais por seu um filme de “ficção recheado de efeitos” mesmo. Não sabia NADA sobre o enredo, por isso me surpreendi. Muito bom! Pena que é um ramake: um tema que continua atual e pretende durar por muito tempo (isso se nenhum “Klaatu” “baixar” por aqui…). Abraços!

  10. Nunca assisti a produção original, Matheus. Mesmo assim nunca concordo com ramakes de clássicos também. Não espero muito deste aí. Principalmente por Reeves está envolvido. No trailer o ator já mostrou que continua inespressivo como sempre. Abraço!

  11. Vinícius, como eu disse na minha crítica, não gosto nem um pouco dessas idéias de refilmarem clássicos!

    Kamila, eu não assisti o filme original, então fui ver o filme sem qualquer tipo de pré-conceito. Mas o filme simplesmente não funciona.

    Alex, eu também gosto de Scott Derrickson, mas em “O Dia Em Que a Terra Parou” ele não consegue mostrar personalidade alguma com a sua direção.

    Fabio, não tive oportunidade de assistir o original, então não posso fazer comparações =/

    Vinicius, “Psicose” é péssimo! Tempos atrás eu adorava o Gus Van Sant, mas hoje acho ele um diretor bem questionável…

  12. Eu vi o filme original e pretendo ver o remake. Também não sou muito fã, mas estou realmente curioso. Aguardando a estréia aqui em Salvador para ir ao cinema assistir ao filme. Realmente não sei o que esperar (e por isso não li a sua crítica). Ou eu irei amar o filme, ou irei odiar. No caso de psicose, eu odiei. Mesmo assim, Gus Van Sant continua sendo meu diretor favorito. Ele só deveria mesmo apagar essa refilmagem quadro-a-quadro da obra de “Hitch” que estaria tudo certo. Ainda bem que ele está se redimindo…

  13. A refilmagem vai a pontos que o filme original não foi por limitações técnicas e mesmo de abordagens. Acho que Derrickson não é brilhante, mas aprofundou o que o filme de 1951 apenas arranhou daquela forma ingênua discursiva da época. O grande mérito do original está inserido na época em que foi feito. O grande mérito da refilmagem é saber que não adiantaria retomar o mesmo discurso em uma época totalmente diferente. Felizmente Derrickson quase não ultrapassou aquele limite perigoso entre transformar um filme de discurso em um blockbuster de destruição em massa. Quase, porque ele sentiu esse gostinho.
    Gostei da forma como o filme deu um tapa na cara da pretensão americana de “Falar pelo mundo” ( e por mais que achem isso um discurso retrô depois de “O Dia depois de amanhã”, acreditem, eles mesmos não costumam se ver de forma tão crítica quanto a gente vê, então isso é um avanço no filme ).
    Faltou explorar mais o alcance global da história, fugindo do círculo restrito imposto pela narrativa junto aos personagens, mostrar mais as reações do mundo a tudo que estava acontecendo, e não ser apenas uma história de um extraterrestre e algumas pessoas em torno dele. Mas, enfim, isso já existia no original, que é superestimado mais pelo ineditismo da mensagem do que pela qualidade

    • Que discurso, Fábio? E vc também se contradiz – existe o tapa na cara mas falta o alcance global? mesmo com as limitações técnicas do filme original, tudo é muito mais verossímel e profundo, ao contrário deste que é um cinema catástrofe piegas.

  14. Eu gostei da premissa de “O Dia em que a Terra Parou”, que só passei a conhecer com mais detalhes através deste remake, pois o original nunca vi em canto algum. Também gosto do Scott Derrickson de “O Exorcismo de Emily Rose” (e só desse Derrickson mesmo, pois ele é quem assina o roteiro pavoroso de “Lenda Urbana 2”) e espero que neste filme ele valorize mais a sua história e menos os efeitos especiais gerados através dos milhares de dólares do orçamento, ainda que o texto informe que isto, infelizmente, deve acontecer.

  15. Matheus, eu não assisti ao filme original e devo assistir a este remake, porque gosto do diretor Scott Derrickson. Mas, acho interessante você mencionar que os efeitos são um dos melhores elementos deste filme, já que li opiniões horrorosas sobre este aspecto da produção.

  16. Particularmente não gostei nada quando soube que teríamos esse remake de “O Dia em que a Terra Parou”, até porque parece estar longe de manter as características do original (até hoje um dos melhores do gênero). Mas gostei de saber que ao menos o quesito técnico não decepciona. Abraço!

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