Preciosa – Uma História de Esperança

“Who else was going to love me? Who else was going to touch me? Who else was going to make me feel good about myself?”

Direção: Lee Daniels

Elenco: Gabourey Sidibe, Mo’Nique, Paula Patton, Mariah Carey, Lenny Kravitz, Amina Robinson, Sherri Shepherd, Stephanie Andujar

Precious – Based on the Novel Push by Sapphire, EUA, 2009, Drama, 110 minutos, 16 anos

Elenco: Em Harlem, a jovem Claireece “Precious” Jones (Gabourey “Gabby” Sidibe), que já sofreu muito e está grávida de seu segundo filho, é convidada a frequentar uma escola alternativa, na qual vê a esperança de conseguir dar um novo rumo à sua vida.

A Cor Púrpura, de 1985, é um dramalhão sobre a difícil vida da personagem Celie Johnson (Whoopie Goldberg). Negra e pobre, Celie foi separada da irmã e era constantemente maltratada por várias pessoas na dura vida que levava. No entanto, Celie era uma pessoa esperançosa e que não deixava de acreditar que a vida tinha coisas boas. A situação é praticamente a mesma com a sofrida Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe) – ainda que a sua história em Preciosa – Uma História de Esperança tenha sido retratada décadas depois da história do filme de Steven Spielberg.

Esse filme não é nada agradável. Mesmo que seja datado como um drama, é preciso saber que a história não é das mais fáceis. Tudo que é tipo de desgraça acontece na vida da protagonista – ela é maltratada pela mãe, foi engravidada pelo próprio pai, tem problemas na escola, é pobre e tem contra si mesma o fato de ser obesa. A vida da protagonista é uma verdadeira tristeza e o filme faz questão de não amenizar os problemas dela para o espectador. Mas o principal ponto positivo do roteiro de Preciosa é não pesar tanto a barra em relação a isso. O texto encontrou o tom certo e não fica aquela incômoda sensação de exagero que poderia existir. Não ficou exagerado nem contido demais.

Elogios também merece o diretor Lee Daniels, muito seguro atrás das câmeras. Ele trouxe um filme que vai mais pro lado social do que pro lado melodramático e isso é um verdadeiro feito, já que existe uma linha muito tênue entre esses dois aspectos. Daniels encontrou um ótimo balanceamento entre as inúmeras mensagens que gostaria de transmitir. Mas, é claro, tudo no diretor não é perfeito: ele traz, por exemplo, algumas narrativas desnecessárias – em especial aquelas cenas mostrando as imaginações da protagonista com a fama, que não acrescentam em nada para o que está sendo mostrado e são repetidas constantemente.

Mas, o grande destaque fica mesmo para o ótimo elenco. Enquanto Mo’Nique (realmente ótima, mas com uma personagem que não tem muita variação a não ser no seu monólogo final) apresenta um retrato desumano e cruel de uma mãe que pode ser considerada desprovida de senso materno, Gabourey Sidibe cumpre a missão de humanizar a sofrida protagonista mas sem nunca apelar para conquistar o sentimento do espectador. Outro nome a ser citado é o de Paula Patton, que representa um grande alívio emocional no meio de tantas dificuldades impostas na vida das figuras do filme. Isso é o que tanto chama a atenção na presença dela.

Preciosa tem vários aspectos que merecem destaque. No entanto, é aquele tipo de filme que não chega a deixar maiores lembranças. Como drama, funciona muito bem – mas o problema é que já vimos diversas produções com essa temática e Preciosa fica devendo por não evoluir em seus conflitos, já que fica a sensação de que assistimos apenas a uma continuidade de cenas dramáticas sem maior conexão. Isso termina por amenizar a possível marca que o filme poderia deixar. Entretanto, não quer dizer que fique sem impacto. Com esse resultado, podemos dizer que o filme é A Cor Púrpura da nova geração. Mas é uma pena que histórias assim já não causem o mesmo fascínio e interesse como na época em que Spielberg lançou a celebrada história de Celie Johnson.

FILME: 8.0


14 comentários em “Preciosa – Uma História de Esperança

  1. Eu vi este filme, e não consigo tirar da cabeça como um ser humano que se dizem pais, conseguem fazer isso com uma criança que o ser mais puro do mundo. Eu estou triste pois me sinto impotente diante á estas histórias.

  2. É um filme que mexe com seu emocional , e não tem como você ver nao ficar curiosa com as próximas senas , é bem interessante porque mostra a realidade da nossa sociedade que vive um estado crítico na educação e hoje podemos ver varias meninas de menos que 18 anos grávidas é triste de ver isso e ao mesmo tempo revoltante.

  3. Robson, para mim, os maiores méritos de “Preciosa” são o elenco e a direção.

    Kamila, é bem isso mesmo. O filme poderia cair no melodramático, mas escapa da armadilha e realiza uma história bem acessível, na medida.

    Luis Galvão, é justamente o monólogo final de Mo’Nique está validando as premiações dela. Até aquele momento, eu estava gostando da atuação dela, mas a personagem não tinha variações. E nesse momento, tudo mudou de figura.

    Gustavo, não cheguei a achar belíssimo, mas achei um filme muito válido.

    Monica, supera sim, você pode assistir tranquila =)

    Vinnie, eu achei um dos cinco melhores da lista do Oscar!

    Pedro, apóio completamente o reconhecimento para Lee Daniels, ele foi ótimo!

    Vinícius, para mim, valeu pelas atuações e pela direção.

    Madame Lumière, é exatemente isso!

    Mayara, é um filme “soco no estômago” mesmo, mas em momento algum ele apela para causar essa sensação.

    Reinaldo, é bem isso mesmo, né? =D

  4. Deve ser mesmo aquele filme “soco no estômago”, a conferir, acompanhada de um caixa de lenços, já que tenho que confessar que sou bem sensível com este tipo de premissa, rsrsrs. ;)

  5. Este filme é bem triste, mas não é nada diferente da vida de muitas garotas cujas famílias ao invés de lhes darem um lar de amor, lhes provêm um completo pesadelo. Concordo que a força do elenco é que transforma o filme em uma obra a ser avaliada e, por serem autênticos, não dramatizam o enredo a ponto de ser apelativo e manipulativo. abs!

  6. Para mim foi um filme que valeu basicamente pelas atuações. Todas as atrizes estão muito bem – até a Mariah Carey me convenceu, o que foi no mínimo uma surpresa.

  7. Supera qualquer coisa, Monica. É um filmaço! Grandes interpretações e um diretor que sabe exatamente onde quer chegar e utiliza os meios mais bonitos para chegar lá. Atinge o emocional do público sem mostrar que está fazendo isso. É incrível.

  8. Gostei bastante, pra mim, o segundo melhor entre os 10 indicados ao oscar de melhor filme. As atrizes estão muito bem, especialmente Mo’Nique e também Gabourey Sidibe. Também se destacam Paula Patton e até Mariah Carey. Vale a pena assistir e tirar boas reflexões. E com aquele ar de determinação da protagonista no final, funciona quase como um filme de auto-ajuda, para aqueles que gostam de filmes assim né, hahaha! ;)

  9. Ainda vou assistir, mas adiantem, o final do filme é bom? Ela supera os grandes obstáculos??? Brigada!

  10. Concordamos no mesmo ponto de vista. O filme tinha tudo para manipular nossas emoções e de fato conseguem, mas de uma forma verdadeira e bela. Também acho que Mo’Nique realmente se sobressai no monólogo final, e por aquela cena está ganhando merecidamente os prêmios. É o tipo de filme que de tão triste, e não assito mais de uma vez.

  11. Eu tô com muita vontade de assistir a este filme. Uma das coisas que mais me atrai nele é essa história que tem potencial para ser totalmente melodramática e manipuladora, mas, contra todos os sinais, o diretor parece que fugiu desse caminho – o que é sempre surpreendente do ponto de vista positivo. E tem o elogiado elenco, especialmente a Sidibe e a Mo’Nique. Espero que ele não demore muito para estrear aqui!

  12. Fico feliz quando vejo que seus pontos de vista batem com os meus. Gostei desse filme e achei-o forte e bem sensato com a realidade. De fato lembrou-me A Cor Púrpura e tem uma história forte e comovente. Acho que seu maior trunfo encontra-se no elenco e a direção também faz por merecer…

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